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Capítulo 3 – Páginas Esquecidas

Atualizado: 31 de mai.

Algumas páginas não foram perdidas — foram arrancadas. Elian aprendeu a sobreviver em silêncio, entre mentiras inventadas sobre ele e verdades que ninguém quis ouvir. Mas agora, ele relê cada fragmento e transforma dor em lembrança, lembrança em força. O que foi apagado, ele reescreve. Porque até as páginas esquecidas têm o direito de existir.


📜 PÁGINAS ESQUECIDAS


(Capítulo III – As palavras que o tempo não apagou)

PÁGINAS ESQUECIDAS


No Reino de Luthenmor, há uma biblioteca secreta escondida nos subterrâneos do castelo. Dizem que ali ficam guardados os livros proibidos, pergaminhos rasgados e cartas que nunca chegaram ao destinatário. É um lugar que poucos conhecem, menos ainda ousam entrar. Elian, porém, sempre soube exatamente onde ficava. Essas eram as páginas que ele havia jurado esquecer. Páginas de dor e tinta borrada por lágrimas que ninguém além dele viu cair. Ao descer pelas escadas de pedra, sentiu novamente aquele frio que só as lembranças podem causar.

Ele caminhou lentamente entre prateleiras empoeiradas, tocando suavemente as capas deterioradas. Cada livro ali continha um fragmento doloroso do seu passado. Histórias marcadas por mãos que não deveriam ter se aproximado, por vozes que ecoaram injúrias, por olhares que julgaram sem perguntar, e por dedos que apontaram sem conhecer.


PÁGINAS ESQUECIDAS

Em um canto esquecido, Elian encontrou um livro de capa negra, trancado por correntes. Era o livro que ele mais temia abrir. Com as mãos trêmulas, ele soltou a fechadura antiga e respirou fundo antes de folhear as páginas amareladas.

Nas primeiras linhas, ele reviu claramente os rostos que tentou enterrar. Pessoas que diziam amá-lo enquanto o feriam pelas costas. Amigos que usaram sua luz para brilhar mais forte, deixando-o sozinho na sombra que eles mesmos criaram.

Mais adiante, Elian sentiu o peso de palavras que o acusaram injustamente. Mentiras que cresceram como ervas daninhas, tentando sufocar tudo o que havia de belo nele. O menino lembrava-se da dor de querer gritar e ser silenciado, de querer explicar e nunca ser ouvido.

Entre as páginas, ele sentiu novamente o toque indesejado que jamais permitiu, mas que marcaram sua alma profundamente. Sentiu raiva e medo, mas acima de tudo, sentiu uma tristeza imensa pela inocência roubada e pela confiança destruída.

Em outra parte, Elian encontrou registros antigos de sermões que falavam de pureza e virtude, mas que tinham como único objetivo sufocar a essência verdadeira dos corações livres. Ele percebeu que muito da dor que carregava vinha dessas mensagens que exigiam obediência cega em nome da fé, ignorando totalmente sua verdade e suas dores.

Mas quanto mais Elian avançava, mais algo dentro dele mudava. Ele entendeu, enquanto revisava aquelas histórias, que aquelas páginas não tinham mais o poder que antes tinham. A dor ainda estava ali, mas agora ele via tudo com olhos diferentes. Com olhos de quem sobreviveu.

Ele percebeu que havia força na sua história, que aquelas páginas eram testemunhas silenciosas do seu poder de resistir, de não se render à escuridão. Ele aprendeu que, embora não pudesse mudar o passado, poderia escrever novos capítulos com a sabedoria adquirida.


PÁGINAS ESQUECIDAS

Ao fechar o livro, Elian colocou-o novamente na prateleira mais alta, sem correntes, sem medo. Ele não precisava mais trancar aquelas memórias, porque finalmente entendia que elas eram parte de quem ele havia se tornado: alguém capaz de escolher, consciente e firmemente, seguir pelo caminho do bem.

Enquanto subia de volta ao castelo, ele sentiu um novo ar preenchendo seus pulmões. Elian entendeu que aquelas páginas esquecidas eram apenas pedaços do passado. Um passado que moldou sua força, mas não determinaria seu futuro.

Porque agora ele sabia: ninguém além dele teria poder sobre as próximas páginas que escreveria.

E essas, com certeza, seriam escritas com amor.

Porque, afinal, o amor sempre vence.


Conto escrito por André Fiello, inspirado na faixa “Páginas Esquecidas”. Capítulo integrante da obra lítero-musical da era “Cartas”. Por ordem de Elian — artesão de lembranças e guardião de cartas não enviadas.



Esta obra é protegida por direitos autorais e registrada sob propriedade intelectual de André Fiello.


Qualquer reprodução, adaptação, cópia parcial ou integral, distribuição não autorizada ou uso comercial sem a devida permissão constitui violação legal.


Elian, o universo de Luthenmor, os contos e todas as composições associadas fazem parte da obra lítero-musical “Cartas”, criada com exclusividade pelo autor.


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